sexta-feira, 13 de março de 2009

Entrevista sobre cirurgia robótica ao maior especialista na área

Entrevista a VIPUL PATEL

Quais são as principais aplicações da cirurgia robótica?

As aplicações mais comuns são na urologia, especialmente para combater o cancro da próstata e do rim. O uso ginecológico tem se tornado cada vez mais comum, especialmente em cirurgias de extracção de tumores no útero ou para a reversão de laqueaduras. Outros cirurgiões também têm aproveitado a tecnologia em procedimentos delicados como a realização de pontes de safena.

Quais as principais vantagens da cirurgia robótica?

Ela é minimamente invasiva. Fazem-se pequenas incisões na pele e colocam-se os instrumentos e câmaras lá dentro, através dos orifícios. Também é muito mais rápida - tanto o tempo de operação como de recuperação do paciente. A anestesia pode ser mais leve e há pouca perda de sangue, o que diminui muito a necessidade de transfusões. Do ponto de vista do médico, a visão dos órgãos é melhor - não há tanto sangue no campo visual e o aparelho oferece uma imagem em três dimensões de alta definição. Ele permanece confortavelmente sentado diante do visor e manipula os braços do robot com controlos simples e precisos. Os instrumentos cirúrgicos são, muitas vezes, mais fáceis de manusear do que os utilizados em cirurgias análogas convencionais.

Apesar do aprimoramento da visão, a percepção táctil não é pior?

Sim, perde-se a sensibilidade sobre a resistência que o tecido oferece ou a força que se deve imprimir para dar um ponto, por exemplo. Mas não faz falta. A melhora da visão compensa, com muita vantagem, a perda do tacto. Há um controlo muito maior sobre o que acontece com o paciente.

E os custos?

Vão cair no futuro. A cirurgia robótica é mais cara do que a convencional, mas traz consigo muitos benefícios que compensam o investimento. O paciente fica internado menos tempo, o médico realiza a cirurgia mais rápido e o número de complicações é menor. Quando uma equipa está bem treinada, o hospital pode apresentar óptimos resultados na realização dos procedimentos, o que se repercute na sua imagem.

Na sua opinião, qual é o futuro da cirurgia robótica?

Estamos no início de um longo processo. Por enquanto, só uma empresa produz o equipamento e apenas dois modelos chegaram ao mercado. A tendência é que os robots sejam cada vez menores. Terão inteligência artificial. O ser humano ainda estará no comando, mas o robot vai tomar importantes decisões sozinho.

Os robots vão substituir os médicos um dia?

Acredito que não. Devem trabalhar juntos. Os robots possuem uma vantagem sobre os cirurgiões. Eles podem armazenar as imagens obtidas por tomografia computadorizada ou ressonância magnética e guiarem-se por elas. Podem, assim, actuar com mais precisão, diminuindo os cortes desnecessários para encontrar as estruturas doentes. Isso será um grande auxílio para médicos e pacientes.

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